O filme intitula-se "A Origem da Ambição" e foi transmitido este ano na televisão angolana, revelando o passado obscuro da família Voss.
A telenovela "Windeck" foi uma produção independente que estreou em Angola há mais de dez anos, em 2012. No ano seguinte, passou a ser transmitida na RTP1. Pelo meio, tornou-se um enorme fenómeno noutras partes do mundo, como o Brasil e a França. Aqui, cativou centenas de milhares de portugueses, que acompanharam de perto o que as pessoas são capazes de fazer para enriquecer de forma rápida e fácil.
Mais de uma década depois, chegou finalmente um novo filme inspirado nesse universo. Trata-se de uma prequela, cujo primeiro episódio estreou a 22 de janeiro em Angola, no canal Kwenda Magic da estação sul-africana DSTV.
Este regresso faz todo o sentido. Afinal, a telenovela já foi transmitida inúmeras vezes em vários canais internacionais "e ganhou vida própria nas redes sociais", explica à NiT Coréon Dú, produtora, realizadora e criadora do conceito. E acrescenta: "Há vários anos que os amantes da telenovela pedem o regresso do projeto de alguma forma. A ideia de uma prequela surge precisamente porque abre uma oportunidade narrativa interessante ao contar a história de algumas das personagens favoritas da versão original".
Os fãs foram, portanto, os grandes responsáveis por este regresso. Foi também por isso que os argumentistas decidiram escrever uma história que se passa antes da narrativa original, ao contrário do que muitos espectadores poderiam esperar. "A inspiração veio do sentimento de nostalgia que os fãs demonstraram quando pediram o seu regresso", diz o realizador de 39 anos.
Curiosamente, a narrativa começa exatamente onde o original terminou: com a vilã Rosa Bettencourt na prisão. Ao longo dos anos, esta personagem foi-se tornando enigmática, despertando cada vez mais interesse. Em "Windeck: As Origens da Ambição" vamos mergulhar nos segredos do passado da família Voss, que dirigiu grandes empresas de comunicação na cidade onde tudo se passa. Ficaremos também a conhecer "todo o drama e toxicidade da relação entre os Voss e a Rosa".
Quando os episódios originais foram escritos e produzidos entre 2012 e 2013, Coréon acreditava que a história tinha terminado, uma vez que seguia o formato clássico de início, meio e fim. "No entanto, a arte ganha vida própria quando começa a esgotar-se. A grande surpresa foi que recebemos feedback positivo durante uma década e, graças às redes sociais, apercebemo-nos do quanto pessoas de diferentes nacionalidades, culturas e idades queriam uma nova telenovela."
De facto, a peça tornou-se viral no TikTok durante a pandemia de Covid-19. Com a maior parte da população fechada em casa, começaram a ser partilhados diferentes vídeos de momentos-chave do fenómeno. "É uma surpresa muito agradável quando uma criação adquire este tipo de longevidade de forma tão inesperada".
Esta nova parte da história terá 170 episódios. As filmagens começaram no início do ano passado, mas a ideia já estava na cabeça do realizador muito antes disso. O caminho, infelizmente, não foi fácil, e a escolha do elenco perfeito revelou-se uma tarefa árdua.
"Foi um grande desafio, porque era importante para nós encontrar jovens talentos que captassem o espírito dos actores originais", explica. Para "A Origem da Ambição", Coréon Dú escolheu nomes de referência nos PALOP e em Portugal. Grace Mendes, por exemplo, participou nas telenovelas "Nazaré" e "Amor Amor".
Para já, não se sabe se esta nova adaptação será transmitida em Portugal, mas Coréon Dú está esperançado que sim. Em Portugal, o autor angolano já trabalhou em produções do "Voo Direto" da RTP e da "Única Mulher" da TVI.
"Espero que em breve haja a oportunidade de partilhar 'Windeck: a origem da ambição' em Portugal", confessa.
O futuro da telenovela pode ser sombrio, mas já é um sucesso, e não apenas entre os fãs originais. "Tem sido interessante porque há duas gerações de espectadores. Aqueles que conhecem e descobrem o passado das suas personagens favoritas e aqueles que as vêem pela primeira vez. O facto de podermos obter feedback dos espectadores nas redes sociais tem sido uma dinâmica muito interessante e educativa."